Tuesday, September 25, 2007

Luminosidades

Os pedacinhos de luz feriram-me os olhos esta manhã. Trespassaram a persiana como se me quisessem amordaçar. Rasgaram-me. Rasgaram-me devagarinho, até eu ganhar coragem para os engolir e sentir a vertiginosa velocidade matinal.
Saudades dos dias em que a tepidez da almofada não tinha sabor.

Monday, September 10, 2007

Viver sobre palavras

Hoje no regresso à invicta, deparei-me com um comboio cheio. Abandonei Braga e sentei-me junto à janela para poder ver a paisagem. Refugiei-me no meu Ipod para me certificar que não ouviria vozes desconhecidas ou conversas despropositadas.
A meio da viagem, entrou um indivíduo que me parecia ter aspecto de ser professor de Língua Portuguesa ou de alguma disciplina ligada a línguas. Sentou-se a meu lado e tirou um livro de uma mala preta. Não me lembro do título, mas como no momento me despertou algum interesse não resisti a devorar as breves palavras que o meu olhar conseguiu alcançar: “Ler é escrever, é viver, é ler, é escrever”. Reli-as várias vezes até o homem passar à página seguinte e por fim, apontei-as. Consegui também captar uma imagem isolada numa página em branco. Pareceu-me a figura de uma mulher esculpida, mas não a consegui registar com perfeição na minha memória.
Neste momento tenho a mente possuída pelas palavras. Sinto-as fazer eco vezes sem conta, como se estivessem presas numa divisão vazia. Resta-me agora dormir sobre elas, e exorcizá-las até ao mais ínfimo pormenor...

A mulher de gelo

Senti a tarde de Sábado pesada, escura como há meses não a avistava. Sobre a minha cabeça, um céu fosco pintado de cinzento que pousava sobre um mar de tom invernal.
Extasiei ao ver a sua convicção perfurar o banco de pedra. Ainda sinto as palavras a rasgarem-me o peito. A saliva guardada durante anos a fluir a cada gesto. As ruínas que eu desconhecia a caírem aos meus pés a uma velocidade asfixiante. Senti-me desfalecer, enquanto lhe dava a asas para pincelar a sua frieza na tela obsoleta. Desfaleci até me tornar num vulto oco perante os seus olhos gelados. Na esperança que se anoitecesse, um raio de sol ousa-se esfaquear a sua clarabóia...

Tuesday, September 04, 2007

Mancha Lunar


Rasguei-me para mais uma vez sentir Moonspell. Como faço sempre que os ouço, como só assim o sei fazer.
Um Coliseu banhado ao sangue mais puro, rendido à Lua que nos dias mais pavorosos me faz sonhar e me enverniza as arestas. A maré negra que me fez abrir o livro para mais uma vez registar uma mancha translúcida.
Soube-me a nu, a negrume genuíno.

Great lessons learned, upon the blood of men.

Photo by: Carlos Ferreira

Saturday, September 01, 2007

Ritual vergonhoso

Duas noites e mil gargalhadas que espero que se tornem num ritual.



E como tinha prometido, aqui vai a vergonha!:

Joana, Renato and me... We must be emo!


Thank you for the wonderfull nights * :)

O negrume nas marés

:D